Ano: 1976
Gravadora: Casablanca Records
O Kiss não é uma das minhas bandas favoritas, mas esse álbum não pode faltar num acervo de um colecionador de vinil e apaixonado por Hard Rock. No post 10 de coleção falarei de "Rock and Roll Over": o quinto álbum de estúdio do Kiss que no dia 11 de novembro de 2011 completou 35 anos de lançamento.
Para quem não sabe, o Kiss foi formado em Nova York em 1973 e é conhecido mundialmente por suas maquiagens, por concertos muito elaborados e até exagerados, que incluem guitarras esfumaçantes, cuspir fogo e sangue, pirotecnias entre outras peripécias. O Kiss já recebeu 24 discos de ouro e desde sua formação já vendeu mais de 100 milhões de álbuns. Constitui um dos maiores impactos culturais da década de 1970, valendo-se de roupas, e sobretudo, maquiagens nunca antes vistos, que marcaram a história da música.
Depois do fim do grupo Wicked Lester, Paul Stanley e Gene Simmons decidiram criar uma nova banda e para isso colocaram anúncios e em jornais e revistas com o intuito de achar novos músicos. A um destes anúncios respondeu o baterista Peter Criss para fazer o teste. Como o rapaz estava bem vestido, eles lhe perguntaram: "Se num show a gente lhe pedir para ir fantasiado de mulher, você vai?", com uma resposta afirmativa ele entrou na banda. Precisavam então de mais um integrante para a banda. No dia do teste apareceu um rapaz que chegou cortando fila e vestido de forma estranha, com um tênis de cada cor e calça rasgada. Gene até achou que era um mendigo se não fosse ele estar segurando uma guitarra. Eles o alertaram que ele não podia cortar fila e assim se dirigiu ao final da fila, mas quando chegou a sua vez, impressionou a todos e assegurou um lugar na banda: seu nome era Ace Frehley.
Faltava o nome para a banda, então escolheram o nome inspirado num concurso de Nova Iorque, Kiss. A maquiagem foi definida se baseando em elementos referentes a verdadeira personalidade de cada um. Gene Simmons adora filme de terror e assumiu uma maquiagem que o deixaria com cara de mau. Paul pintou uma estrela em seu olho direito pois sonhava em ser um astro do rock. Ace concebeu sua maquiagem baseada no espaço sideral e numa estética futurista por ser uma pessoa "aérea" e dispersa. Por adorar felinos, Peter adotou uma imagem de homem-gato, acredita ainda que tenha sido um gato em outras encarnações.
Eles assumiram essa personalidade como sendo essencial para o sucesso do grupo, escondendo assim por anos a fio a verdadeira identidade de seus músicos. Para definir o figurino da banda, mesclaram elementos de super-heróis em quadrinhos com personagens do teatro japonês; usando botas com saltos enormes que davam um ar de super heróis titânicos ao grupo e se tornariam então: "The Starchild" (Paul Stanley), "The Demon" (Gene Simmons), "Space Man" (Ace Frehley) e "The Catman" (Peter Criss).
Os primeiros concertos do KISS, já maquiados e trajados a seu modo, ocorreram no "New York Coventry Club", cujo cachê correspondeu a U$ 35,00 por noite. Continuaram fazendo shows pelas noites de Nova Iorque, tocando músicas próprias, quando em 1973 foram descobertos por Bill Aucoin e no mesmo ano assinaram contrato com a recém-inaugurada Casablanca Records.
Uma coisa que se tornou um ícone da banda é a língua de Gene Simmons e para os shows efeitos especiais sonoros, de luzes e fumaça aliados a velas acesas e um imenso letreiro luminoso contendo o logótipo da banda. Em 1973, na cidade de Nova Iorque aconteceria o primeiro show de grande porte do Kiss. Para tanto, eles contrataram a popular banda Brats para abrir o show e mandaram convites a imprensa em nome do Kiss e como se já não bastasse, mesmo endividados até o último fio de cabelo, alugaram uma limusine para chegar ao local do show em grande estilo. Tudo isso para tentar passar ao público e a imprensa a imagem de que o Kiss já era uma banda famosa.
Em 1974 lançaram seu primeiro álbum intitulado apenas Kiss com um toque de humor, sensualidade e provocação que caracterizam a maioria das faixas do disco: recheado de clássicos que a banda tocou por toda a carreira. Para promover o disco, a gravadora realiza um concurso inspirado no mesmo que deu nome a banda. Ao som de "Kissin´ Time", um dos temas do disco, premiariam o casal que permanecesse mais tempo se beijando. O primeiro disco não chegou a ser um sucesso, assim como o segundo, mas este já obteve mais aceitação por parte do público, "Hotter Than Hell", lançado no mesmo ano um disco mais pesado com uma sonoridade mais agressiva. Na contra-capa surge uma foto de Paul Stanley fazendo sexo ao luar com uma prostituta, outra de Peter Criss também realizando a mesma ação e de Gene Simmons com uma taça de vinho, inferindo um banquete.
O Kiss era uma banda destinada apenas em divertir as pessoas, falavam de amor, sexo, festa e rock'n roll em suas músicas, mas mesmo assim adotariam atitudes que serviam de contestação como quebrar instrumentos e balançar a cabeça, coisas já feitas por outras artistas. Mas a banda também criou atitudes que se tornaram as mais esperadas durante os shows. Além de movimentar vorazmente a sua língua para provocar o público, Gene Simmons praticaria números de cospe-fogo e cospe-sangue e voa no meio dos shows.
A partir de "Hotter Than Hell Tour", uma mensagem acompanha todos os shows da banda. Sempre ao início de cada apresentação, um mestre de cerimônias berra a seguinte frase: "You Wanted the Best and You Got the Best. The Hottest Band in the World, Kiss!" , traduzindo: "Vocês queriam o melhor e vocês conseguiram o melhor, a banda mais quente do mundo, Kiss". Esta repetição constante de mensagem tornou-se emblemática na carreira da banda.
Em fevereiro de 1975, lançaram "Dressed To Kill", disco que continha composições da época do Wicked Lester ("Love Her All I Can" e "She"), e foi neste disco que gravaram o clássico "Rock And Roll All Night". Dressed to Kill é mais um álbum em que a capa se tornou curiosa. Na foto aparecem os integrantes, devidamente maquiados, vestidos de terno e ainda pode notar-se que o terno de Gene Simmons é mais curto do que deveria ser, isso ocorreu porque a roupa que Gene vestia era do próprio dono da Casablanca Records. Isso devido ao fato de que mesmo diante de toda a produção, a banda ainda não tinha dinheiro suficiente para viver. Todos os demais ternos utilizados na foto foram emprestados por amigos ou parentes. Era o começo do estrelato de uma das maiores bandas dos anos 70.
Aproveitando o momento de sucesso, em 1975 lançaram Alive!, primeiro álbum da banda a obter Disco de Ouro. Kiss foi uma das primeiras bandas a lançar um álbum duplo gravado ao vivo. Alive! foi um marco para a indústria fonográfica e para a banda que anos depois lançou Alive II, em 1977 o Alive III e em 1993 o Symphony - Alive IV, em um concerto que ocorreu junto com a Orquestra Sinfônica de Melbourne. Mas nenhum deles superou o enorme sucesso que foi o Alive!, que com mais de 15 milhões de cópias vendidas, foi um dos álbuns mais vendidos do Rock.
Com o sucesso estrondoso de Alive! o Kiss entrou em estúdio para gravar um novo álbum, e em 1976 lançaram Destroyer, outro grande sucesso (a essa altura os 3 primeiros discos já haviam se tornado sucessos). A capa de Destroyer apresenta paradigmas típicos de revista em quadrinhos, retratando, através de uma ilustração, a imagem da banda como super-heróis que invadem Nova York ao cair da noite. Com Destroyer vem mais hits como "Detroit Rock City", "Shout It Out Loud", "God Of Thunder" e a balada, vencedora de vários prêmios, "Beth" composta por Peter Criss, um dos grandes sucessos do Kiss até hoje. O disco foi produzido por Bob Ezrin.
A partir dai o Kiss ficou conhecido mundialmente, como Europa e principalmente Japão, com o sucesso no Japão a gravadora lança um box The Originals.
Com o sucesso o Kiss começa a aparecer freqüentemente nas TV americanas e vai criando uma legião de fãs apaixonados pela banda. Nesta fase, surge o empresário Bill Aucoin, renomado profissional que passa a controlar os negócios do Kiss, desde posters até camisinhas. Funda-se o Kiss Army, exército de fanáticos em todo o mundo que são comandados pela própria banda.
No segundo semestre do mesmo ano lançaram então o quinto álbum, destaque desse post, "Rock And Roll Over" com hits como "Hard Luck Woman" e "I Want You". As dez faixas do álbum foram gravadas durante o mês de setembro de 1976 no Star Theatre, em Nova York. Com produção a cargo de Eddie Kramer, a bateria foi gravada dentro de um banheiro do Star Theatre para ter o som adequado. Peter Criss se comunicava com o restante da banda via videoconferência.
A capa do álbum foi elaborada pelo artista Michel Doret, que também assinou a capa do trabalho mais recente do quarteto nova-iorquino, “Sonic Boom” (2009).
Diferentemente de seu antecessor, “Destroyer”, que contou com uma mega produção, “Rock And Roll Over” tem a sonoridade que remete aos primeiros álbuns da banda.
O álbum alcançou a 11ª colocação na Billboard e recebeu certificado de platina em janeiro de 1977.
Além disso, foi durante a “Rock And Roll Tour” que o Kiss, de fato, conheceu o Oriente, tem gente que acreditava que a banda já era conhecida por lá desde o lançamento de “Hotter Than Hell”, que trazia estampada em sua capa, caracteres em japonês e a aparência dos integrantes da banda que lembra o teatro “kabuki”. Essa turnê no Japão contribuiu para que o Kiss deixasse de ser um grupo como outro qualquer e passasse a status de “super grupo” devido à idolatria dos japoneses para com a trupe de Gene Simmons.
O disco abre com “I Want You”, com um vocal rasgado de Paul Stanley; a segunda música, “Take Me”, praticamente possui as mesmas características da primeira, um hard básico; depois, aparece um dos principais hits do álbum, “Calling Dr. Love”cantarolada por Gene Simmons, que solta a voz em “Ladies Room”, cujo enredo trata simplesmente de um xaveco que o interlocutor faz para uma mulher; e “Baby Driver” encerra a primeira metade do álbum, com um vocal “feroz” de Peter Criss.
O lado B começa com Gene Simmons mandando bala em “Love ‘Em And Leave ‘Em”, com o seu refrão “grudento”, é a canção de maior tempo em “Rock And Roll Over”; a sétima música é a básica “Mr. Speed”, talvez a faixa menos executada do álbum pela banda nos shows ao longo desses 35 anos; enquanto “See You In Your Dreams”, a oitava canção, foi a música do Kiss escolhida por Gene Simmons para regravar em seu álbum solo de 1978; em seguida, aparece “Hard Luck Woman”, música que Paul Stanley fez inicialmente para Rod Stewart, que não se interessou pela música e Peter Criss fez questão de cantá-la, para sorte dos fãs do Kiss. O resultado disso foi que a música se tornou um dos maiores sucessos do álbum e também da vasta discografia do Kiss; e para finalizar “Makin’ Love”, um hard cantado por Paul que começa com a insatisfação do interlocutor quando a garota “faz doce” na hora “H”.
O Kiss finalmente experimentava o sucesso que tanto almejavam e mereciam em 1976. Após o sucesso de “Alive!” e “Destroyer”, este álbum mais experimental e complexo mas ainda com a magia de sempre, o quarteto mascarado precisava manter a média. Para isso, não convocaram o mirabolante produtor Bob Ezrin e sim o básico e roqueiro Eddie Kramer, produtor de “Alive!”, que preferiu apostar na simplicidade do som apresentado nos três primeiros lançamentos. E deu certo.
Lançado em novembro de 1976, “Rock And Roll Over” pode ser resumido como um disco de Rock n’ Roll genuíno, visceral, potente, principalmente por suas canções não serem tão longas (nenhuma passa dos 4 minutos de duração), captura perfeitamente a essência da banda mais quente do mundo devido ao seu processo mais básico, não sendo a toa o fato de ter se tornado um dos mais cultuados de sua carreira.
Não há nenhuma canção feita pela dupla dinâmica Paul Stanley e Gene Simmons, apenas separados. As composições realizadas pela dupla, tão constantes no início da carreira e se tornaram raridade no futuro da banda. Ace Frehley não contribuiu com nenhuma composição e Peter Criss só colaborou com “Baby Driver”, feita em parceria com o ex-companheiro de Lips e Chelsea, Stan Penridge.
Mas o incrível é que os quatro conseguem se destacar, cada um de seu próprio jeito. Paul Stanley começava a esbanjar seus dotes vocais com mais eficiência, que se tornaram notáveis dos anos 1980 em frente, além de ser um talentoso compositor e um riffmaker de primeira categoria. Até arriscou um belo solo de guitarra em “I Want You” – é o primeiro dos dois executados. Gene Simmons, endiabrado e cheio de fôlego, tem aqui algumas de suas melhores composições. É um baixista categórico e eficiente e providencia carismáticas vocalizações.
Ace Frehley, subestimado por sua pouca técnica, mostra aqui que não precisa fritar mil notas por segundo para influenciar inúmeros guitarristas, apenas seu senso musical apurado, latentes em seus poderosos solos de guitarra, era o suficiente. Peter Criss, também subestimado pelo mesmo motivo citado acima, impressiona com ótimas linhas de bateria e vocais incríveis – basta reparar “Baby Driver” e “Hard Luck Woman” pra notar que duas músicas com o Catman nos microfones principais é muito pouco.
O sucesso, inevitável, bateu novamente na porta dos quatro mascarados. Em pouco tempo conquistaram disco duplo de platina por já venderem dois milhões de cópias do álbum apenas nos Estados Unidos, no período de um ano. Nas paradas gerais, “Rock And Roll Over” atingiu as posições de número 11, 15 e 16 respectivamente nos Estados Unidos, Japão e Canadá. Além disso, a turnê de divulgação foi um sucesso e o grupo crescia cada vez mais, chegando ao auge no ano seguinte, com “Love Gun”.
Particularmente, considero “Rock And Roll Over” um dos melhores discos do Kiss. Obrigatório para quem quer saber o que é o rock and roll na sua essência.
Integrantes
Paul Stanley – vocal, guitarra base e violão.
Músicas
Lado A
1. I Want You
2. Take Me
3. Calling Dr. Love
4. Ladies’ Room
5. Baby Driver
Lado B
1. Love ‘Em And Leave ‘Em
2. Mr. Speed
3. See You In Your Dreams
4. Hard Luck Woman
5. Makin’ Love
Fotos do vinil
Gravadora: Casablanca Records
Gênero: Hard Rock
Obs.: o álbum não está à venda
Obs.: o álbum não está à venda
O Kiss não é uma das minhas bandas favoritas, mas esse álbum não pode faltar num acervo de um colecionador de vinil e apaixonado por Hard Rock. No post 10 de coleção falarei de "Rock and Roll Over": o quinto álbum de estúdio do Kiss que no dia 11 de novembro de 2011 completou 35 anos de lançamento.
Depois do fim do grupo Wicked Lester, Paul Stanley e Gene Simmons decidiram criar uma nova banda e para isso colocaram anúncios e em jornais e revistas com o intuito de achar novos músicos. A um destes anúncios respondeu o baterista Peter Criss para fazer o teste. Como o rapaz estava bem vestido, eles lhe perguntaram: "Se num show a gente lhe pedir para ir fantasiado de mulher, você vai?", com uma resposta afirmativa ele entrou na banda. Precisavam então de mais um integrante para a banda. No dia do teste apareceu um rapaz que chegou cortando fila e vestido de forma estranha, com um tênis de cada cor e calça rasgada. Gene até achou que era um mendigo se não fosse ele estar segurando uma guitarra. Eles o alertaram que ele não podia cortar fila e assim se dirigiu ao final da fila, mas quando chegou a sua vez, impressionou a todos e assegurou um lugar na banda: seu nome era Ace Frehley.
Faltava o nome para a banda, então escolheram o nome inspirado num concurso de Nova Iorque, Kiss. A maquiagem foi definida se baseando em elementos referentes a verdadeira personalidade de cada um. Gene Simmons adora filme de terror e assumiu uma maquiagem que o deixaria com cara de mau. Paul pintou uma estrela em seu olho direito pois sonhava em ser um astro do rock. Ace concebeu sua maquiagem baseada no espaço sideral e numa estética futurista por ser uma pessoa "aérea" e dispersa. Por adorar felinos, Peter adotou uma imagem de homem-gato, acredita ainda que tenha sido um gato em outras encarnações.
Eles assumiram essa personalidade como sendo essencial para o sucesso do grupo, escondendo assim por anos a fio a verdadeira identidade de seus músicos. Para definir o figurino da banda, mesclaram elementos de super-heróis em quadrinhos com personagens do teatro japonês; usando botas com saltos enormes que davam um ar de super heróis titânicos ao grupo e se tornariam então: "The Starchild" (Paul Stanley), "The Demon" (Gene Simmons), "Space Man" (Ace Frehley) e "The Catman" (Peter Criss).
Os primeiros concertos do KISS, já maquiados e trajados a seu modo, ocorreram no "New York Coventry Club", cujo cachê correspondeu a U$ 35,00 por noite. Continuaram fazendo shows pelas noites de Nova Iorque, tocando músicas próprias, quando em 1973 foram descobertos por Bill Aucoin e no mesmo ano assinaram contrato com a recém-inaugurada Casablanca Records.
Uma coisa que se tornou um ícone da banda é a língua de Gene Simmons e para os shows efeitos especiais sonoros, de luzes e fumaça aliados a velas acesas e um imenso letreiro luminoso contendo o logótipo da banda. Em 1973, na cidade de Nova Iorque aconteceria o primeiro show de grande porte do Kiss. Para tanto, eles contrataram a popular banda Brats para abrir o show e mandaram convites a imprensa em nome do Kiss e como se já não bastasse, mesmo endividados até o último fio de cabelo, alugaram uma limusine para chegar ao local do show em grande estilo. Tudo isso para tentar passar ao público e a imprensa a imagem de que o Kiss já era uma banda famosa.
Em 1974 lançaram seu primeiro álbum intitulado apenas Kiss com um toque de humor, sensualidade e provocação que caracterizam a maioria das faixas do disco: recheado de clássicos que a banda tocou por toda a carreira. Para promover o disco, a gravadora realiza um concurso inspirado no mesmo que deu nome a banda. Ao som de "Kissin´ Time", um dos temas do disco, premiariam o casal que permanecesse mais tempo se beijando. O primeiro disco não chegou a ser um sucesso, assim como o segundo, mas este já obteve mais aceitação por parte do público, "Hotter Than Hell", lançado no mesmo ano um disco mais pesado com uma sonoridade mais agressiva. Na contra-capa surge uma foto de Paul Stanley fazendo sexo ao luar com uma prostituta, outra de Peter Criss também realizando a mesma ação e de Gene Simmons com uma taça de vinho, inferindo um banquete.
O Kiss era uma banda destinada apenas em divertir as pessoas, falavam de amor, sexo, festa e rock'n roll em suas músicas, mas mesmo assim adotariam atitudes que serviam de contestação como quebrar instrumentos e balançar a cabeça, coisas já feitas por outras artistas. Mas a banda também criou atitudes que se tornaram as mais esperadas durante os shows. Além de movimentar vorazmente a sua língua para provocar o público, Gene Simmons praticaria números de cospe-fogo e cospe-sangue e voa no meio dos shows.
A partir de "Hotter Than Hell Tour", uma mensagem acompanha todos os shows da banda. Sempre ao início de cada apresentação, um mestre de cerimônias berra a seguinte frase: "You Wanted the Best and You Got the Best. The Hottest Band in the World, Kiss!" , traduzindo: "Vocês queriam o melhor e vocês conseguiram o melhor, a banda mais quente do mundo, Kiss". Esta repetição constante de mensagem tornou-se emblemática na carreira da banda.
Em fevereiro de 1975, lançaram "Dressed To Kill", disco que continha composições da época do Wicked Lester ("Love Her All I Can" e "She"), e foi neste disco que gravaram o clássico "Rock And Roll All Night". Dressed to Kill é mais um álbum em que a capa se tornou curiosa. Na foto aparecem os integrantes, devidamente maquiados, vestidos de terno e ainda pode notar-se que o terno de Gene Simmons é mais curto do que deveria ser, isso ocorreu porque a roupa que Gene vestia era do próprio dono da Casablanca Records. Isso devido ao fato de que mesmo diante de toda a produção, a banda ainda não tinha dinheiro suficiente para viver. Todos os demais ternos utilizados na foto foram emprestados por amigos ou parentes. Era o começo do estrelato de uma das maiores bandas dos anos 70.
Aproveitando o momento de sucesso, em 1975 lançaram Alive!, primeiro álbum da banda a obter Disco de Ouro. Kiss foi uma das primeiras bandas a lançar um álbum duplo gravado ao vivo. Alive! foi um marco para a indústria fonográfica e para a banda que anos depois lançou Alive II, em 1977 o Alive III e em 1993 o Symphony - Alive IV, em um concerto que ocorreu junto com a Orquestra Sinfônica de Melbourne. Mas nenhum deles superou o enorme sucesso que foi o Alive!, que com mais de 15 milhões de cópias vendidas, foi um dos álbuns mais vendidos do Rock.
Com o sucesso estrondoso de Alive! o Kiss entrou em estúdio para gravar um novo álbum, e em 1976 lançaram Destroyer, outro grande sucesso (a essa altura os 3 primeiros discos já haviam se tornado sucessos). A capa de Destroyer apresenta paradigmas típicos de revista em quadrinhos, retratando, através de uma ilustração, a imagem da banda como super-heróis que invadem Nova York ao cair da noite. Com Destroyer vem mais hits como "Detroit Rock City", "Shout It Out Loud", "God Of Thunder" e a balada, vencedora de vários prêmios, "Beth" composta por Peter Criss, um dos grandes sucessos do Kiss até hoje. O disco foi produzido por Bob Ezrin.
A partir dai o Kiss ficou conhecido mundialmente, como Europa e principalmente Japão, com o sucesso no Japão a gravadora lança um box The Originals.
Com o sucesso o Kiss começa a aparecer freqüentemente nas TV americanas e vai criando uma legião de fãs apaixonados pela banda. Nesta fase, surge o empresário Bill Aucoin, renomado profissional que passa a controlar os negócios do Kiss, desde posters até camisinhas. Funda-se o Kiss Army, exército de fanáticos em todo o mundo que são comandados pela própria banda.
No segundo semestre do mesmo ano lançaram então o quinto álbum, destaque desse post, "Rock And Roll Over" com hits como "Hard Luck Woman" e "I Want You". As dez faixas do álbum foram gravadas durante o mês de setembro de 1976 no Star Theatre, em Nova York. Com produção a cargo de Eddie Kramer, a bateria foi gravada dentro de um banheiro do Star Theatre para ter o som adequado. Peter Criss se comunicava com o restante da banda via videoconferência.
A capa do álbum foi elaborada pelo artista Michel Doret, que também assinou a capa do trabalho mais recente do quarteto nova-iorquino, “Sonic Boom” (2009).
O álbum alcançou a 11ª colocação na Billboard e recebeu certificado de platina em janeiro de 1977.
Além disso, foi durante a “Rock And Roll Tour” que o Kiss, de fato, conheceu o Oriente, tem gente que acreditava que a banda já era conhecida por lá desde o lançamento de “Hotter Than Hell”, que trazia estampada em sua capa, caracteres em japonês e a aparência dos integrantes da banda que lembra o teatro “kabuki”. Essa turnê no Japão contribuiu para que o Kiss deixasse de ser um grupo como outro qualquer e passasse a status de “super grupo” devido à idolatria dos japoneses para com a trupe de Gene Simmons.
O disco abre com “I Want You”, com um vocal rasgado de Paul Stanley; a segunda música, “Take Me”, praticamente possui as mesmas características da primeira, um hard básico; depois, aparece um dos principais hits do álbum, “Calling Dr. Love”cantarolada por Gene Simmons, que solta a voz em “Ladies Room”, cujo enredo trata simplesmente de um xaveco que o interlocutor faz para uma mulher; e “Baby Driver” encerra a primeira metade do álbum, com um vocal “feroz” de Peter Criss.
O lado B começa com Gene Simmons mandando bala em “Love ‘Em And Leave ‘Em”, com o seu refrão “grudento”, é a canção de maior tempo em “Rock And Roll Over”; a sétima música é a básica “Mr. Speed”, talvez a faixa menos executada do álbum pela banda nos shows ao longo desses 35 anos; enquanto “See You In Your Dreams”, a oitava canção, foi a música do Kiss escolhida por Gene Simmons para regravar em seu álbum solo de 1978; em seguida, aparece “Hard Luck Woman”, música que Paul Stanley fez inicialmente para Rod Stewart, que não se interessou pela música e Peter Criss fez questão de cantá-la, para sorte dos fãs do Kiss. O resultado disso foi que a música se tornou um dos maiores sucessos do álbum e também da vasta discografia do Kiss; e para finalizar “Makin’ Love”, um hard cantado por Paul que começa com a insatisfação do interlocutor quando a garota “faz doce” na hora “H”.
O Kiss finalmente experimentava o sucesso que tanto almejavam e mereciam em 1976. Após o sucesso de “Alive!” e “Destroyer”, este álbum mais experimental e complexo mas ainda com a magia de sempre, o quarteto mascarado precisava manter a média. Para isso, não convocaram o mirabolante produtor Bob Ezrin e sim o básico e roqueiro Eddie Kramer, produtor de “Alive!”, que preferiu apostar na simplicidade do som apresentado nos três primeiros lançamentos. E deu certo.
Não há nenhuma canção feita pela dupla dinâmica Paul Stanley e Gene Simmons, apenas separados. As composições realizadas pela dupla, tão constantes no início da carreira e se tornaram raridade no futuro da banda. Ace Frehley não contribuiu com nenhuma composição e Peter Criss só colaborou com “Baby Driver”, feita em parceria com o ex-companheiro de Lips e Chelsea, Stan Penridge.
Mas o incrível é que os quatro conseguem se destacar, cada um de seu próprio jeito. Paul Stanley começava a esbanjar seus dotes vocais com mais eficiência, que se tornaram notáveis dos anos 1980 em frente, além de ser um talentoso compositor e um riffmaker de primeira categoria. Até arriscou um belo solo de guitarra em “I Want You” – é o primeiro dos dois executados. Gene Simmons, endiabrado e cheio de fôlego, tem aqui algumas de suas melhores composições. É um baixista categórico e eficiente e providencia carismáticas vocalizações.
Ace Frehley, subestimado por sua pouca técnica, mostra aqui que não precisa fritar mil notas por segundo para influenciar inúmeros guitarristas, apenas seu senso musical apurado, latentes em seus poderosos solos de guitarra, era o suficiente. Peter Criss, também subestimado pelo mesmo motivo citado acima, impressiona com ótimas linhas de bateria e vocais incríveis – basta reparar “Baby Driver” e “Hard Luck Woman” pra notar que duas músicas com o Catman nos microfones principais é muito pouco.
O sucesso, inevitável, bateu novamente na porta dos quatro mascarados. Em pouco tempo conquistaram disco duplo de platina por já venderem dois milhões de cópias do álbum apenas nos Estados Unidos, no período de um ano. Nas paradas gerais, “Rock And Roll Over” atingiu as posições de número 11, 15 e 16 respectivamente nos Estados Unidos, Japão e Canadá. Além disso, a turnê de divulgação foi um sucesso e o grupo crescia cada vez mais, chegando ao auge no ano seguinte, com “Love Gun”.
Particularmente, considero “Rock And Roll Over” um dos melhores discos do Kiss. Obrigatório para quem quer saber o que é o rock and roll na sua essência.
Integrantes
Paul Stanley – vocal, guitarra base e violão.
Gene Simmons – vocal, baixo, guitarra base.
Ace Frehley – guitarra solo, violão, backing vocals.
Peter Criss – vocal, bateria e percussão.
Músicas
Lado A
1. I Want You
2. Take Me
3. Calling Dr. Love
4. Ladies’ Room
5. Baby Driver
Lado B
1. Love ‘Em And Leave ‘Em
2. Mr. Speed
3. See You In Your Dreams
4. Hard Luck Woman
5. Makin’ Love
Fotos do vinil
Capa (frente), vinil 120 gram (Lado A) - Foto: Diego Kloss
|
Capa (atrás), vinil 120 gram (Lado B) - Foto: Diego Kloss |
Comentários
Postar um comentário