Selecionados 03 | Tales of the Sands (2011) - Myrath

Ano: 2011
Gravadora: XIII Bis Records and Nightmare Records
Gênero: Tunisian Metal, Folk Metal, Oriental Metal, Rock Progressivo, Symphonic Metal e Power Metal  
Obs: não possui versão em vinil.

Depois de vários questionamentos se o Rock e principalmente o Heavy Metal está se reinventando, sobretudo no que diz respeito a existência de bandas mais recentes, acabei descobrindo o Myrath. Uma banda desconhecida do grande público e que obviamente não teve oportunidade de gravar seus álbuns em vinil (pelo menos não por enquanto), porém, possui um repertório magnífico digno de reconhecimento e de comparação com grandes bandas.
Myrath é uma banda de Folk-oriental Metal formada no ano de 2001 em Ez-zahra, Tunísia. A banda possui elementos de metal progressivo, com influências de oriental metal e música tradicional árabe. Também foi considerada, por alguns críticos a precursora do subgênero “Tunisian Metal”, como define Laina Dawes em seu artigo na mtviggy.com. Apesar de muitos odiarem esses novos gêneros que surgem ao longo do tempo, eu gosto dessas novas definições que aumentam o leque de possibilidades para novos estilos de Metal, mas aqueles que preferirem, podem ficar somente com Folk ou Oriental Metal.
As canções da banda são agressivas, lembrando um pouco os últimos dois excelentes álbuns do Symphony-X, Paradise Lost e Iconoclast. Os músicos abusam do peso e da técnica em cada faixa do primeiro álbum Hope (2007), do segundo, Desert Call (2010), e terceiro álbum, Tales of the Sands (2011).
Foto: Nidhal Marzouk
Segundo Laina Dawes, nos últimos anos, a diversidade cultural dentro do Heavy Metal tem sido explorada através de documentários de investigação como a Global Metal, Heavy Metal em Bagdá e livros como Heavy Metal Islam, mas ninguém ainda havia documentado corretamente a cena vibrante de metal na África. Mas, com críticas elogiosas e um público fiel, o Myrath da Tunísia são a primeira banda de metal Norte Africano para ser reconhecida e abraçada por audiências internacionais, elevando o perfil de riffs pesados da região e esmagando definitivamente estereótipos culturais ao longo do tempo.
"Temos conversado com os fãs na América do Norte e na Europa" eles dizem, "...você tem comunidades de metal na Tunísia? Muitas pessoas pensam que vivemos no deserto do Saara, que não têm eletricidade. Algo estranho, eu sei", ri o tecladista/backing vocal Elyes Bouchoucha. Todos os membros da banda têm uma formação em música e Bouchoucha cresceu ouvindo bandas de Rock e Metal Clássico. "Comecei como um guitarrista, então eu escutava e estudava bandas como Black Sabbath e coisas assim. Minha família e amigos sugeriram que eu fosse ouvir outros tipos de música como Pop, Latino e, claro, Blues e Rock".
Foto: Nidhal Marzouk
Os membros da banda são muito conscientes de que, apesar do respeito que eles têm recebido por sua música, existem vários estereótipos culturais sobre a Tunísia que fazem com que alguns críticos vejam o Myrath como uma anomalia, entretanto, os membros da banda estão convencidos de que não é verdade: "Nós abrimos a fronteira do nosso país, por isso temos um monte de músicos que tocam Rock, Metal, Hip-Hop e Soul".
Originalmente chamado de X-Tazy, o quinteto foi fundado em Ez-Zahra, um subúrbio de Tunis, Tunísia, em 2001, por jovens de 13 anos que simplesmente queriam tocar a música de seus ídolos. Depois de quatro anos atuando como uma como uma banda cover do Symphony X, a X-Tazy encontrou a confiança para começar a escrever e executar suas próprias composições. Primeiro ganharam reconhecimento dentro de seu país após o lançamento do seu primeiro EP Double Face (2005). No ano seguinte a banda mudou seu nome para Myrath, que significa "legado". Amparado pela resposta positiva que recebeu de performances ao vivo em festivais europeus de prestígio, o seu primeiro álbum distribuído internacionalmente foi Hope (2007). O segundo álbum, Desert Call (2010) - o melhor da minha opinião -, e o terceiro álbum, Tales of the Sand (2011), solidificaram ainda mais a popularidade da banda na comunidade do Metal Progressivo. Abaixo o clipe de "Merciless Times" do álbum Tales of the Sand (2011).


Desinteressados em simplesmente replicar os estilos musicais favorecidos por bandas populares de Metal Ocidentais, o Myrath optou por injetar sua música com instrumentação árabe, sobretudo cordas e percussão, fazendo um fusão com instrumentos conhecidos do Heavy Metal. A combinação de seu talento musical técnico e melodias de influência da Tunísia criou um estilo de Metal único e excepcionalmente acessível. Mesmo entendendo que as mesmas perguntas sobre a modernidade no Norte da África pode ser um pouco cansativa, Bouchoucha diz que o som da banda é único, cultivado pelo apreço a música local e instrumentos característicos, criando um burburinho de marketing positivo que ajuda a sua música alcançar as massas internacionais. Entretanto, para a banda, a categorização musical é irrelevante. "Para ser honesto, eu diria que estamos tocando apenas Metal", diz ele. "Eu sei que temos sido rotulados como Progressive Metal, Power Metal e Symphonic Metal, mas nos consideramos simplesmente como uma banda de Metal. [...] Quando estamos compondo, não estamos dizendo: 'vamos fazer um álbum sinfônico’. Estamos compondo com os sentimentos para que não se encaixam em qualquer sub-categorização.[...] Mas eu deveria corrigir uma coisa: é Metal da Tunísia", acrescenta. "As escalas que usamos, mesmo os instrumentos, as técnicas não são Orientais. Quando eu digo Oriental, quero dizer o Egito ou a cultura do Líbano. Estamos usando ritmos tunisianos. Você tem que ser tunisiano e seguir este modelo."
Foto: Nidhal Marzouk
Apesar da instabilidade política atual na Tunísia e nos países vizinhos, a banda se esquiva de discutir política dentro de suas letras. Ao contrário da Israel Orphaned Land, cujas letras são muitas vezes situadas em eventos políticos relativos ao país, a Myrath traz letras multilíngues baseadas no amor, paixão e autodeterminação, temas que são universalmente compartilhados. "Nós não somos políticos", Bouchoucha declara com firmeza. "É por isso que nós não falamos sobre política em tudo."
O Myrath chamou a atenção dos organizadores do aclamado Progpower International Music Festival 2013, que apresenta alto nível de banda de Metal Progressivo e Power Metal, e se apresentarão nos EUA (Atlanta, Geórgia) no dia 04 de setembro, na 7ª Edição do Festival. "Estamos recebendo um monte de mensagens de nossos fãs em Atlanta, por isso estamos pensando em fazer um set list especial para eles [...]” Esse set list pode incluir algumas músicas novas programadas para um próximo álbum que a banda pretende gravar após cumprir a agenda de shows de verão. "As pessoas estão sempre espantadas pois temos uma forte cultura musical, mas nós dizemos a fãs e jornalistas que temos lotes de grandes bandas de metal aqui", acrescenta. Ele está confiante de que seu show norte-americano inaugural não só irá apaziguar os fãs norte-americanos, mas também irá promover a existência de outras grandes bandas tunisianas fazendo lentamente seu caminho para o topo.

Integrantes
Zaher Zorgati – vocais (desde 2007)
Malek Ben Arbia – guitarra (desde 2001)
Anis Jouini – baixo (desde 2006)
Elyes Bouchoucha – teclados, backing vocais (desde 2003)
Morgan Berthet – bateria (desde 2011)

Ex-integrantes
Fahmi Chakroun – bateria (2001–2004)
Zaher Hamoudia – baixo (2001–2004)
Walid Issaoui – guitarra (2001–2003)
Tarek Idouani – vocais (2001–2003)
Saif Ouhibi – bateria (2004-2010)
Piwee Desfray - bateria (2011)

Músicas
1. Braving The Seas
2. Merciless Times
3. Tales of the Sands
4. Sour Sigh
5. Dawn Within
6. Wide Shut
7. Requiem for a Goodbye
8. Beyond the Stars
9. Under Siege
10. Time to Grow

Referências
http://www.mtviggy.com/articles/myrath-breaks-heavy-metal-cultural-stereotypes/

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